A Biblioteca do Rei Afonso Henriques

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto


Resultado de imagem para solidariedade em momentos difíceis holocausto
A Prof.ª Susana Jordão e o seu filho Rodrigo partilharam uma comovente história de solidariedade familiar bem a propósito do Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto.
Todos conhecem o enquadramento histórico da menina judia Anne Frank que, infelizmente, não conseguiu sobreviver ao Holocausto. Não foi o sucedido com a história de vida destas duas crianças estrangeiras acolhidas, em Guimarães, pelos bisavós da Prof.ª Susana.

Solidariedade em momentos difíceis

Ekardt, a esposa e os avós
da Prof.ª Susana.
No tempo da 2.ª guerra mundial, algumas famílias portuguesas reponderam aos apelos das autoridades políticas e receberam em suas casas crianças em risco de países que eram alvo de bombardeamentos e atos de guerra. A família da minha trisavó materna foi um desses casos. Recebeu em sua casa, durante dois anos, uma menina Austríaca chamada Hilda. A minha bisavó ainda hoje fala da menina que chegou de barco, toda suja e malcheirosa, que não sabia uma única palavra de português. Conta a minha bisavó que a primeira coisa que lhe fizeram foi dar-lhe banho e de comer. Conta também que depressa se tornaram amigas e que a menina passou a chamar mãe à minha trisavó. Quando a guerra acabou e ela teve de partir para se juntar à sua família, não queria ir, chegando mesmo a esconder-se debaixo da cama.
Também o meu bisavô materno ficou amigo de um menino chamado Ekardt, que tinha vindo nas mesmas condições, para a casa de uma prima. Como essa prima só tinha uma filha e o meu bisavô tinha uma família numerosa (cinco irmãos e duas irmãs), o Ekardt, sempre que podia, ficava lá. Aprendeu com o meu bisavô a gostar de caça e pesca. Passados muitos anos, chegou mesmo a visitar o meu bisavô, encontraram-se na Alemanha, durante uma viagem que o meu bisavô fez, e numa segunda vez, veio a Esposende (foto 1 e 2), onde o meu bisavô passava as suas férias de verão.

Rodrigo Jordão Oliveira  9.º B

A Humanidade não poderá nunca esquecer os crimes mais horrendos e as atrocidades cometidas durante o Holocausto., no entanto, orgulho-me por poder dizer que os meus bisavós maternos acolheram em suas casas, e receberam como seus, duas vítimas frágeis dessa guerra sem sentido. Apesar de se ter perdido o rasto da menina Austríaca, a relação com o rapaz, judeu Alemão, manteve-se enquanto ambos foram vivos.

Após 75 anos, cabe-nos lembrar o que aconteceu, mesmo que isso nos envergonhe e entristeça pois “aqueles que não recordarem o passado estão condenados a repeti-lo.”

Prof.ª Susana Jordão