A Biblioteca do Rei Afonso Henriques

sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Estudo em casa

     Aproveita as oportunidades que o Estudo em Casa te proporciona desde o 1.º ao 9.º ano. Acede aqui  à disciplina de Leitura e Escrita que te ajudará a ler e a interpretar o que se lê e a cruzar os diversos conhecimentos de todas as áreas. Irás também desenvolver o prazer pela leitura, pois os Livros, além de nos transmitirem conhecimentos, são meios que nos permitem viajar e a viver outras vidas.

Vê a primeira aula de Leitura e Escrita - 7.º ao 9.º ano. 
Tema: O livro. As técnicas de escrita| Aula 1| 27 min| 21 Out. 2020

Sugestão de leituras. Ler faz-nos Crescer!

     Ler Miguel Torga é um prazer, sobretudo se procuramos, no âmago das palavras, o sentido telúrico da Vida. 
    A sugestão de leitura desta semana vai para A CRIAÇÃO do MUNDO do autor transmontano. Esta  obra autobiográfica incide sobre a diáspora de Adolfo Correia da Rocha - nome verídico de MT- , desde os tempos da infância, com a riqueza do mundo rural e as dificuldades inerentes às condições de sobrevivência no interior profundo. Transporta-nos,  também, na viagem dilacerante de saudades para o Brasil, onde se tornou homem, até à formatura e vida de médico, já de regresso à Pátria. Conhecemos a sua primeira viagem pela Europa, em que encontra políticos exilados pelo Estado Novo, o fascismo da Guerra civil espanhola e o cárcere na ditadura de Salazar.
    Livro de leitura empolgante que nos cativa do princípio ao fim. A não perder!

    Para os mais novos...


Sabias que a Peste Negra, que dizimou cerca de um terço da população europeia, em 1348, teve origem na China? E que os médicos recomendavam que se limpasse a casa e os corpos com água e vinagre? E que o papa Clemente sobreviveu a esta pandemia circulando entre fogueiras permanentemente acesas, em pleno Verão, enquanto residia em Avinhão?

    Estas e outras informações poderás ter lendo O Ano da Peste Negra de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada.

   Aventura-te na viagem de dois irmãos que, acompanhados por um cientista, recuam, por meio de uma engenhosa máquina do tempo, ao ano de 1348, onde, em Lisboa,  os habitantes lutam contra a Peste Negra que grassava, causando a devastação, também disseminada em toda a Europa, vinda da China. Eles conhecem um miúdo dotado de uma personalidade peculiar e acabam por se envolver numa aventura, que os coloca em risco de vida, ao cruzarem-se com uma quadrilha. 

    Livro que agrega diversão com conhecimento. Aproveita e lê!


 

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Sabe bem um pouco de Poesia...

 Álvaro de Campos

Começa a haver meia-noite, e a haver sossego

Começa a haver meia-noite, e a haver sossego,

Por toda a parte das coisas sobrepostas,

Os andares vários da acumulação da vida...

Calaram o piano no terceiro-andar...

Não oiço já passos no segundo-andar...

No rés-do-chão o rádio está em silêncio...

Vai tudo dormir...

Fico sozinho com o universo inteiro.

Não quero ir à janela:

Se eu olhar, que de estrelas!

Que grandes silêncios maiores há no alto!

Que céu anticitadino! —

Antes, recluso,

Num desejo de não ser recluso,

Escuto ansiosamente os ruídos da rua...

Um automóvel! — demasiado rápido! —

Os duplos passos em conversa falam-me

O som de um portão que se fecha brusco dói-me...

Vai tudo dormir...

Só eu velo, sonolentamente escutando,

Esperando

Qualquer coisa antes que durma...

Qualquer coisa...

9-8-1934

Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993).

  - 59.

 Este poema de Álvaro de Campos -̶  um dos heterónimos de Fernando Pessoa – produzido numa  fase em que sobressaem o devaneio, a melancolia e o tédio pela vida, poderia servir para assinalar o contraste entre a euforia e o ruído do dia com a serenidade que a noite transporta. Lentamente, a passagem do tempo é sugerida pelo silêncio que a pouco e pouco se instala.

Sugestão de leitura da BE O ruído e a Cidade (cota 504, RUI), título adaptado do livro francês Le bruit e la ville.