No âmbito da celebração do Dia Mundial das Pessoas com Deficiência, o Departamento de Educação Especial pretende sensibilizar a Comunidade Educativa, através de atividades inclusivas, para a aceitação da diferença, seja física ou mental.
Nesse sentido, será lido e explorando, em todas as turmas, no tempo da iniciativa "10 minutos de leitura", o poema de António Gedeão: “Não há, não, duas folhas iguais em toda a criação”.
Pastoral
Não há, não,
duas folhas iguais em toda a criação.
Ou nervura a menos, ou célula a mais,
não há, de certeza, duas folhas iguais.
Limbo todas têm,
que é próprio das folhas;
pecíolo algumas;
baínha nem todas.
Umas são fendidas,
crenadas, lobadas,
inteiras, partidas,
singelas, dobradas.
Outras acerosas,
redondas, agudas,
macias, viscosas,
fibrosas, carnudas.
Nas formas presentes,
nos actos distantes,
mesmo semelhantes
são sempre diferentes.
Umas vão e caem no charco cinzento,
e lançam apelos nas ondas que fazem;
outras vão e jazem
sem mais movimento.
Mas outras não jazem,
nem caem, nem gritam,
apenas volitam
nas dobras do vento.
É dessas que eu sou.
António Gedeão (Poesias Completas, 1956-1967 )
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