Gostava muito da minha Avó Arminda: era e é uma
referência para mim, pela coragem e determinação, pela suavidade e firmeza das
suas palavras e gestos. Era suprema naquilo que fazia e dizia! Jamais esquecerei
as suas histórias de vida que, inseridas num contexto rural, podem ser exemplo
para todos. Sobreviveu às agruras da vida e fez sobreviver a Família.
Trabalhou, desde novinha, no minério de volfrâmio, nas Minas da Borralha, em Vieira do Minho. (Este minério foi necessário, na 2.ª Guerra Mundial, para o fabrico de armas.) Sabia que não podia deixar este emprego, para poder dar o Pão aos seus três filhos, enquanto o marido, o meu Avô, estava na guerra, segundo dizia.
Um dia, grávida do segundo filho e estando a trabalhar, chegaram as dores do parto. De repente,
Trabalhou, desde novinha, no minério de volfrâmio, nas Minas da Borralha, em Vieira do Minho. (Este minério foi necessário, na 2.ª Guerra Mundial, para o fabrico de armas.) Sabia que não podia deixar este emprego, para poder dar o Pão aos seus três filhos, enquanto o marido, o meu Avô, estava na guerra, segundo dizia.
Um dia, grávida do segundo filho e estando a trabalhar, chegaram as dores do parto. De repente,
sentiu que o "saco das águas" se rompeu e
uma dor aguda anunciou que o parto estava próximo. Só teve tempo de abrir as
pernas, puxar as saias e segurar o filho que acabara de nascer.
De outra vez, aos 40 anos, a minha Avó, grávida da minha Mãe,
nas suas lides, bate com o molho de pesadas chaves de ferro das portas, no
peito esquerdo, o que, em pouco tempo, provocou uma enorme mancha negra. O meu
Avô João – que era a alegria da casa – levou-a ao hospital de Braga e foi-lhe
diagnosticado cancro de mama em último grau. Tinha de ser operada urgentemente,
mas não podia ser sujeita a anestesia, pois estava grávida. A "ferro e fogo" a
minha Avó sentiu as dores da cirurgia até desmaiar.
Passado pouco tempo, ainda hospitalizada, tendo sofrido
os horrores da recuperação da cirurgia, e não querendo ter o parto da sua filha
no hospital, foge a pé, sozinha, para o recanto do seu lar, em Zebral, andando o percurso atual de cerca
de 59 quilómetros pela estrada nacional, embora ela tenha, com certeza, seguido
por atalhos, entre as montanhas, o que lhe abreviava o caminho, chegando a
tempo para se deitar na sua cama e dar à luz, já protegida, a sua filha.
Viveu até aos 80 anos, mal sabendo que a neta mais velha,
um dia, sofreria do mesmo mal com a mesma idade, no peito esquerdo.
Esta é uma homenagem que lhe presto, na comemoração do Dia da Mulher, pela memória dos
tempos que vivemos juntas e do quanto me ensinou.
A neta,
C. G.
C. G.
Cascata do Caldeirão, em Zebral, próxima da casa
da minha Avó Arminda
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