Nau quinhentista de Vila do Conde |
Imagina que és tripulante da armada de Vasco da Gama, na viagem rumo
à Índia que ocorreu entre 1497 - 1498, uma das mais importantes na era dos Descobrimentos, consolidando a presença marítima e o domínio das rotas comerciais pelos portugueses.
Oficina de escrita criativa - Redige uma Carta endereçada a um dos familiares ou a página do
Diário de Bordo e conta as aventuras e desventuras desta Viagem.
Os trabalhos serão expostos e publicados no blogue da BE havendo prémios para os mais criativos.
Lê aqui alguns textos que os alunos produziram.
Os trabalhos serão expostos e publicados no blogue da BE havendo prémios para os mais criativos.
Lê aqui alguns textos que os alunos produziram.
Diário de Bordo 13 de agosto de 1497
Hoje
está ainda mais calor do que ontem. Parece que, à medida que descemos a costa
africana e nos aproximamos do Cabo Bojador, as águas vão ficando mais quentes e
o sol brilha mais forte. Só espero que todas aquelas lendas estejam erradas e
que, em vez do inferno, estejamos a dirigir-nos à Índia.
Estamos
há 50 dias sem ver terra, o alimento já escasseia! A fome vai-se começando a
sentir na nossa nau, nos olhos dos marinheiros e nas suas mãos que estendem
quer a pedir pão, quer a rezar a Deus para que tudo melhore.
O
cozinheiro não melhorou. O médico disse que tinha escorbuto. Não faço a mínima
ideia do que isso seja, mas sei que é mau! O médico tentou dar-lhe uns chás e
umas misturas que tinham aspeto horrível, mas não funcionaram tal como as rezas
do frade.
Vendo a agitação do convés, o frade tentou
cozinhar alguma coisa. Pegou numa galinha e alinhavou uma canja. Foi uma imagem
engraçada ver o frade a bailar com uma galinha, enquanto tentava apanhá-la. Não
tinha jeito nenhum a manusear o punhal. Ela lutava melhor do que ele. Com tanto
bailarico, o frade deixou cair o pobre animal ao mar. Ouve-se gritar o Pêro,
marinheiro novo, mas com pouca sanidade… o mar e os desgostos amorosos
deixaram-no assim…:
«- Ó frade, é o preço a pagar por tentar
matar uma criatura de Deus!»
Toda
a tripulação se ri. Mas, logo depois, apercebem-se de que não vai haver canja
nem coisa nenhuma para o almoço e que perderam mais uma galinha. Quase que o frade
ia com ela também.
A fome ainda não rebentou, mas já se começa
a sentir. Espero chegar a terra em breve…
Diogo de Vale/Sofia Barroso, 9.º A
Querido Diário!
Chegámos a Melinde! Finalmente conseguimos vencer
o desconhecido. Vou explicar o que aconteceu na nossa Aventura.
Inicialmente, a viagem estava a correr bem,
mas, de seguida, apareceu um monstro enorme que se chamava Adamastor, situado
no cabo Bojador e que fez profecias aterradoras sobre o Povo português. O nosso
Mestre Vasco da Gama enfrentou o Gigante perguntando-lhe:
«- Quem és tu?»
Não
sei por quê, mas o Adamastor ficou surpreendido com a pergunta e quando já
estava no final da sua triste história, desapareceu e com ele a turbulência.
Continuamos
a viagem até que paramos em Melinde, um território situado em África, na costa
do Oceano Índico para descansarmos. Ficamos encantados! Fomos muito bem
recebidos por este Povo e pelo seu rei! Após o descanso, conseguimos arranjar
mantimentos para seguir viagem
Ainda neste trajeto rumo ao Oriente,
apareceu uma grande Tempestade que nos destruiu os barcos e nós, os marinheiros,
começámos a ficar assustados e preocupados. Por isso, rezamos muito a Deus.
Concluindo, esperemos que Deus nos proteja e que consigamos, finalmente,
chegar à nossa Índia.
Sebastião/ Catarina Ribeiro, 9.º A
Chegamos ao Cabo da Boa Esperança. Nós, os
marinheiros, estamos a redigir este Diário, para contar os medos e obstáculos
que tivemos de ultrapassar durante a Viagem rumo à Índia.
Quando vimos aquele terrível monstro,
ficamos assustadíssimos, pensamos logo que iríamos morrer! Mas Vasco da Gama,
com inteligência, experiência e sabedoria, conseguiu ultrapassá-lo.
A viagem continuou, os marinheiros
enfrentaram outros medos.
Com o passar do tempo, alguns deles
adoeceram com o escorbuto. Ficaram cansados, as gengivas sangravam e caíam os
dentes. Houve muitas mortes provocadas por esta doença e Vasco da Gama pediu a
Deus que os ajudasse, perante as dificuldades.
Álvaro/ Maria João Vasconcelos, 9.º A
Costa
africana, 13 de junho de 1498
Querido
Diário!
No princípio,
houve um pouco de dificuldade com os despedidas, mas quando embarcámos para
zarpámos em direção ao desconhecido, eu senti-me com esperança e ansioso.
O início da
viagem foi tranquilo, porém, passado estes exatos 90 dias, deparámos com o Cabo
das Tormentas, e devo admitir que, para os muitos que diziam sobre Cabo como:
”é impossível atravessá-lo ou vão todos morrer se tentarem”, na minha opinião,
é tudo uma grande mentira.
Hoje,
atravessámos o grande promontório designado por Cabo das Tormentas. Conseguimos
ultrapassar este e os terríveis obstáculos que nos aguardavam.
A pior coisa
da viagem, até agora, continua a ser, sem dúvida, a fome que estamos a passar. Quanto
ao Cabo das Tormentas, foi apenas necessário passar ao largo, como se
estivéssemos a passar ao lado de uma pessoa.
Neste
momento, estamos a navegar na costa oriental africana, ao lado de uma terra que
os indígenas chamam Moçambique.
Espero que o
seguimento da viagem nos corra bem e sem complicações.
Eu voltarei a
escrever amanhã no meu Diário de Bordo. Espero que Deus nos proteja e nos
ajude.
Henrique/Beatriz Cunha Soares, 9.º A
Hoje, um marinheiro chamado Camões veio dar-nos a nossa pequena refeição. Quando olhou para mim, começou a recitar poemas. Confesso que quase que me tocou na alma, mas jurei nunca confiar num homem. Prometeu que me iria salvar, mas sempre foi meu sonho mostrar que nós, mulheres, somos capazes de fazer o que eles fazem, ou até melhor. Mas, pensando bem, o que é que isso me trouxe?! Espero que, no futuro, tudo melhore e que as mulheres mostrem o seu poder.
Branca/ Ana Beatriz Cadete,9.ºC
Querido esposa,
Diário de Bordo,1498
Mais
um dia se passou, dou conta disto pelos raios de sol que entram pela pequena
janela disto a que eles chamam de “quarto”. Como podem colocar 5 mulheres numa
mera arrecadação?! Até os marinheiros que limpam o convés são mais bem tratados
do que nós.
Ontem, ouvi-os a comemorar, então, julgo que estaremos próximas do nosso cruel e injusto destino. Nunca percebi por que é que fomos arrastadas para esta nau, mas desconfio que nos irão oferecer a alguém…
Quem diria que ia acabar assim, no meio do mar trancada e sem nenhumas condições?! De que serviram todos os anos em que me dediquei a aprender a arte da língua portuguesa? Para, no final, ser subjugada e maltratada por me considerarem o “sexo inferior”.
Posso bordar, cozinhar, escrever, ler e muitos que dos estão aqui nem falar direito sabem…
Ontem, ouvi-os a comemorar, então, julgo que estaremos próximas do nosso cruel e injusto destino. Nunca percebi por que é que fomos arrastadas para esta nau, mas desconfio que nos irão oferecer a alguém…
Quem diria que ia acabar assim, no meio do mar trancada e sem nenhumas condições?! De que serviram todos os anos em que me dediquei a aprender a arte da língua portuguesa? Para, no final, ser subjugada e maltratada por me considerarem o “sexo inferior”.
Posso bordar, cozinhar, escrever, ler e muitos que dos estão aqui nem falar direito sabem…
Hoje, um marinheiro chamado Camões veio dar-nos a nossa pequena refeição. Quando olhou para mim, começou a recitar poemas. Confesso que quase que me tocou na alma, mas jurei nunca confiar num homem. Prometeu que me iria salvar, mas sempre foi meu sonho mostrar que nós, mulheres, somos capazes de fazer o que eles fazem, ou até melhor. Mas, pensando bem, o que é que isso me trouxe?! Espero que, no futuro, tudo melhore e que as mulheres mostrem o seu poder.
Estou a
ouvir barulhos. Amanhã, voltarei a escrever, com esperança de um mundo melhor.
Branca/ Ana Beatriz Cadete,9.ºC
Melinde, 15 de junho de 1498
Querido esposa,
Depois destes longos dias, em alto mar, cada vez mais,
sinto saudades de estar contigo. Lembro-me constantemente dos maravilhosos momentos
que passei ao teu lado. E perante os biscoitos que nos restam e a pouca carne
salgada, agora racionada, sinto falta da tua comida, até da que nem saía sempre
bem.
Enquanto não posso receber novidades tuas, escrevo
linhas para partilhar as dificuldades por que passamos. Sei que me vais dizer
que a decisão foi minha. No entanto, lembro-te de que o dinheiro era e é importante
para dar começo a uma nova vida. Para além disso, a Pátria precisava de nós, para
entrar na História.
Estava tudo
contra nós. Tínhamos passado por muitas tempestades, os mantimentos estavam a
esgotar-se e muitos marinheiros pensavam em desistir, ou por ter saudades da
família ou por sentir medo. O desânimo estava instaurado na nossa nau; já ninguém
acreditava que possível chegar à Índia. Até que, num dia de sol, com um mar calmo
avistamos terra. A partir daí, tudo foi diferente. Estávamos todos radiantes.
Finalmente, podíamos dormir confortavelmente e reabastecer a nau, recuperando forças.
Contudo, apesar de sermos recebidos amigavelmente, o capitão, baseado num
pressentimento, afastou-nos do local. Naquele momento, sentimo-nos perdidos e aquela
solução escapou-nos por entre os dedos. No entanto, a Providência Divina ajudou-nos
a encontrarmos em Melinde um sítio perfeito para recuperar as nossas mazelas.
Os indígenas, apesar de serem estranhos e andarem nus, eram amigáveis e
pacíficos, permitindo-nos sentir estar perto de casa e animados para realizar a
parte final da viagem.
Mesmo estando em terra e sermos bem acolhidos, as
saudades impedem-me de viver, em pleno, o momento. O que mais desejo é
regressar a casa e levar-te a recompensa destes anos de sofrimento.
Espero que estejas bem e que brevemente permaneçamos
juntos.
Beijos do teu adorado marido,
Luís / Luís Fernandes, 9.º A
Oceano Índico, 22 de Fevereiro de 1498
Querida amiga,
neste momento, estou a
navegar em direção ao Oriente e decidi enviar-te esta carta, para te contar o
que tenho vivido durante toda a Viagem até aqui. Ser tripulante de uma nau não
é uma tarefa fácil, todos os dias vivemos aventuras com muita coragem. Mas o
pior de tudo, penso, já passou.
Vou contar-te o que
aconteceu: 5 dias após termos partido pelos «mares nunca dantes navegados», com
os ventos a soprar, uma nuvem que até os «ares» escureceu, «tão temerosa» veio
que «pôs nos nossos corações» um enorme medo e receio do que ia acontecer. Essa
nuvem era Adamastor! Tinha o «rosto carregado» e a «barba esquálida», «os olhos
encovados e a postura medonha e má», de «cor terrena e pálida». Era tão grande
que nem posso explicar bem a sensação que experimentei; tinha um tom de voz
«horrendo e grosso». Naquele momento, não sei bem o que senti, o meu coração
ficou muito acelerado e pensei que não íamos passar «além do Bojador». Mas,
felizmente, tudo correu bem. Vasco da Gama esteve à altura da sua nobre missão.
Espero, dentro de
pouco tempo, finalmente, chegar à Índia.
Tenho muitas saudades
tuas,
Beijinhos da tua
melhor amiga
Lara Marques, 9.º E