Os alunos do 6.º B, coordenados pela Prof.ª Manuela Dias e orientados por uma equipa multidisciplinar que colabora com a Biblioteca Escolar, participaram no concurso "Conta-me um Conto" promovido pelo Departamento de Matemática da Universidade de Évora.
Neste trabalho dinamizado em grupo e fora da atividade letiva, além da aplicação de conceitos matemáticos, foram evidenciados, na pesquisa, conhecimentos de Português, História, Geografia, Ed. Física e Ed. Visual.
Neste trabalho dinamizado em grupo e fora da atividade letiva, além da aplicação de conceitos matemáticos, foram evidenciados, na pesquisa, conhecimentos de Português, História, Geografia, Ed. Física e Ed. Visual.
A ação do conto reflete intrigas, peripécias, mistérios e decifração de enigmas matemáticos que se desenrolam em torno da personagem central, o Pi, durante os Jogos Olímpicos, na Grécia Antiga.
Poderás ler "O que contas, Pi?" na íntegra no item Ler mais.
Muitos Parabéns a todos os envolvidos!
Por aqueles dias, a Grécia fervilhava. Todas as cidades se
ocupavam a preparar os Jogos Olímpicos que ocorriam de quatro em quatro anos,
em Olímpia, em honra de Zeus. Os atenienses sorriam, cantavam e dançavam em
plena Ágora, convencidos
de que os seus atletas se destacariam.
Arquimedes,
o velho matemático, observava este frenesim da janela, enquanto esperava o
amigo Pi, que regressava de viagem.
Mas nem todos comungavam desta alegria… No monte Olimpo,
morada dos deuses, a discussão estava no auge.
– Os humanos não falam de outra coisa senão nos Jogos
Olímpicos – desabafava Apolo.
– O que esperavas?! É o seu grande momento – justificou
Dionísio – e vão festejar as vitórias, bebendo!
– Temo o pior! – disse Hades, acabado de chegar do Inferno.
– E porquê? – questionou-o Zeus.
– Está para chegar alguém de nome Pi – esclareceu Hades. –
Fará tais feitos que ficará na História dos Homens, mais do que nós!
– Será isso possível?! – perguntou-lhe Hefesto. – E o que
propões fazer para que tal não suceda? Queres que o atire para um vulcão?
– Ou que o combata ferozmente? – sugeriu Ares.
– Calem-se! – ordenou Zeus. – Hermes, como és o mensageiro
dos deuses, vais chamá-lo. Que venha o quanto antes!
Hermes obedeceu. Empreendeu a longa viagem, desde o Norte
da Grécia até Atenas, onde reinava grande azáfama e formigavam atletas gregos
vindos, para este evento, das várias colónias espalhadas pelo mundo.
Entretanto, na casa de Arquimedes…
– Parece-me que bateram à porta – disse Arquimedes para si
próprio.
E tinha razão! Pi acabava de chegar e trazia muitas e boas
histórias!
– Que me contas, Pi? – perguntou Arquimedes. – Sabes que se
preparam os Jogos, não sabes?
– Claro que sim! Já os fazem há muito tempo.
– Todos estão ansiosos. Até fazem oferendas aos deuses do
Olimpo para que tudo corra bem!
– Uma das novidades que trago é que tenciono participar! –
informou Pi.
De repente, e de forma estrondosa, batem à porta. Os dois
amigos olharam-se entre si, tentando adivinhar quem seria. Arquimedes
levantou-se com dificuldade: as suas pernas já não tinham vinte anos… Abriu a
porta e deu de caras com Hermes. Espantado, perguntou:
– Ao que vens?
– Em nome de Zeus, ordeno ao teu amigo Pi que venha comigo
ao Monte Olimpo!
– Mas ele acaba de chegar… – balbuciou Arquimedes, temendo
já pela vida do amigo.
– Desafias as ordens de Zeus?! – bradou Hermes.
– Não te preocupes, Arquimedes. Vou ao Olimpo mais depressa
que Feldípedes foi a Maratona… – disse Pi,
disfarçando a sua apreensão.
Saídos de Atenas, Hermes e Pi rumaram a Tebas. Entre campos
de cereais sombreados por oliveiras, iam calcorreando aldeias onde se
amontoavam casas brancas como a farinha, com janelas azuis que faziam lembrar o
mar. Depois de Farsália, Feres e Larissa, atingiram o sopé do Monte Olimpo, o
mais alto de toda a Grécia, com quase 3000 metros a beijar o céu.
Pi admirava-se com tamanha magnitude, enquanto Hermes o
apressava…
– Deixa lá a paisagem, não faças esperar os deuses!
Depois de terem serpenteado monte acima por caminhos
pedregosos, chegaram a uma hercúlea porta de nuvens que, como que por magia, se
abriu de par em par, enquanto musas tocavam, deixando ver um majestoso palácio
construído por Hefesto e claustros de belíssimas colunas da ordem dórica, a
lembrar o Pártenon. Ao fundo e no centro, Zeus, cujas barbas pareciam cobrir o
mundo, encontrava-se ladeado dos restantes deuses.
– És aquele a quem chamam Pi? – interrogou, com voz grossa,
Zeus. – Sabemos que desejas tomar parte nos próximos Jogos. É verdade?
– Bem… sim… – respondeu Pi – seria uma honra participar. Na
minha condição de dízima, gostaria de introduzir uma nova prova nos Jogos: os
participantes mostrariam sabedoria, raciocínio… resolvendo problemas e cálculos!
– Pois nós discordamos! – vociferou Zeus. – Mas como somos
deuses justos e temos recebido tantas oferendas, fazemos esta proposta: vais
resolver três desafios! Se conseguires solucioná-los, deixaremos que os Jogos
incluam essa nova prova.
– E se não?… – questionou Pi, engolindo em seco.
– Nesse caso, morres sem glória! – exclamou Hades, que
tinha estado a conspirar com Apolo uma forma de afastar Pi das suas pretensões.
Sem alternativa, Pi decidiu aceitar os três desafios
divinos. Não precisou de esperar muito, pois o primeiro foi-lhe feito, logo
ali, no Olimpo.
– Ouve com atenção, só tens uma oportunidade para acertar!
– disse Zeus com um vozeirão medonho.
“Numa caixa retangular cabem exatamente dois círculos
iguais, destinados ao lançamento de disco, que faz parte da prova do pentatlo,
e que é, como sabes, uma das provas… Dizemos-te que o perímetro de cada um
desses círculos é aproximadamente 43,96 centímetros. Determina as dimensões da
caixa onde estão guardados”.
Pi fingiu-se pensativo, no entanto, este não era para ele
um desafio muito complicado.
Rapidamente calculou:
Demorou um pouco a responder para enganar os deuses, mas,
sem hesitar, disse:
– A caixa tem o comprimento de 28 centímetros e uma largura
de 14 centímetros.
– Oh, como é inteligente! – disse Atena, deusa da sabedoria.
Terminada a primeira prova com êxito, Pi regressou a
Atenas, de acordo com as instruções dos deuses. Caminhou pelas ruas estreitas
da cidade procurando o Anfiteatro,
lugar onde se encenavam tragédias, rezando aos deuses que não fosse o
protagonista de uma, pois era aí que Hermes o aguardava, para transmitir o
segundo desafio.
– Este Anfiteatro é palco de muitos dramas… Hoje, terás tu
aqui o teu! – disse Hermes.
“Há uma prova nos Jogos Olímpicos, “diaulos”, que
consiste em correr 384 metros. Como vês, este Anfiteatro tem a forma de um
semicírculo com um raio de 9 metros. Se um atleta realizasse aqui a prova,
correndo à volta deste espaço, quantas voltas completas daria?”.
Pi já esfregava as mãos de contente, mas não mostrou a sua
alegria… pensou:
Como é metade da circunferência, então:
Agora, é só dividir: .
Sem pressa, Pi respondeu:
– Serão 8 voltas completas, e mais alguns metros!
Pi concluiu dois terços da sua tarefa, acreditando ser
possível chegar a tempo dos Jogos Olímpicos daquele ano. Mas não quis cantar
vitória antes do tempo! Ainda faltava o terceiro desafio.
Seguiu viagem até Olímpia, desconhecendo a trama que os
deuses lhe preparavam e que poderia abalar todo o entusiasmo que sentia. Ao
final do dia e a pouca distância do destino, deparou-se com Hades e Apolo, à
sombra de um gigantesco castanheiro, deliciando-se com uma ânfora de ambrósia,
alimento dos deuses.
– Estás preparado para morrer? – perguntou-lhe Hades, com
um olhar feroz.
– Estou preparado para participar nos Jogos Olímpicos –
respondeu-lhe Pi, a medo.
– É o que iremos ver! Ora vê lá se consegues decifrar este
desafio:
“Tudo tem um princípio e um fim. Diz-nos qual é o teu
princípio e qual é o teu fim.”.
Pi rapidamente respondeu:
– Três vírgula catorze. Três é o meu princípio. Catorze é o
meu fim… não, quinze… não, noventa e dois… não. Ai! Pareço não ter fim…
Toda a noite Pi foi desfiando números, sem descobrir o fim,
até adormecer de exaustão.
Quando o dia nasceu, estava só, os deuses tinham
desaparecido. Derrotado, retomou o caminho até Olímpia, onde os Jogos já tinham
começado. O seu esforço tinha sido em vão.
Chegado ao Estádio, local onde decorriam os Jogos
Olímpicos, dirigiu-se a Zeus, cansado e envergonhado, por não ter respondido ao
último desafio. Zeus tranquilizou-o:
– Descobri que foste enganado. Hades e Apolo conspiraram
contra ti. O terceiro desafio não era aquele... Nada posso fazer, pois os Jogos
já começaram. Mas serás recompensado! Tornar-te-ás um Herói. Resolverás
inúmeros problemas matemáticos no presente e no futuro...
Terás um lugar eterno na História dos Homens!
Conto “O que
contas, Pi?
Autores: turma do
6.ºB
Escola: E.B.2/3
D. Afonso Henriques – Creixomil – Guimarães
Professora
responsável: Manuela Dias
2.° classificado na Categoria B2
Guimarães,
fevereiro de 2015